Sebastianismo e a Praia dos Lençois:
BARROS, ANTONIO EVALDO ALMEIDA, O PANTHEON ENCANTADO: Culturas e Heranças Étnicas na Formação de Identidade Maranhense (1937-65). Disponível em http://www.posafro.ufba.br/_ARQ/dissertacao_antonio_barros.pdf
Resuminho: A presente pesquisa analisa processos de modelação, adaptação e transformação de identidade maranhense entre 1937 e 1965. De Atenas brasileira à terra do Bomba-boi...
“Anunciados pejorativamente como heranças de África e dos povos nativos, tambores de mina e pajelanças são perseguidos. O bumba-meu-boi é proibido de ser realizado ou de ir ao centro das cidades por que seria barafunda de pretos e da dita semibárbara caboclada. Nota-se também que há um interesse crescente, sobretudo a partir do Estado Novo (1937-45), de membros das elites intelectuais e políticas pela cultura popular, e por uma tentativa de integração, de caráter simbólico, do negro maranhense na história da região.”
Pág 86/87:
O encantamento de Dom Sebastião na praia dos Lençois, “ é visto como a mais bela lenda do Estado *:
Segundo “a gente do mar”, nas noites de São João, um touro negro surge de detrás das dunas alvíssimas soltando torvos rugidos. “É o príncipe D.Sebastião encantado pelo sortilégio estranho dos moiros de Alcacer-Quibir”. Se houvesse um homem “cujos nervos resistissem ao horror da assombração e ferisse a testa do touro negro, quando jorrasse o sangue, o Príncipe se desencantaria e, do fundo (Capa da Revista AThenas, estudada pelo autor, de fevereiro de 1942, mostrando o “Encantamento da Praia dos Lençóis)
do mar, surgiriam todos os seus gentis homens e açafatas”.
Os pescadores “juram ter ouvido, nas noites solitárias em que estão entregues à sua faina, os “melancólicos cantares” da corte de Dom Sebastião. Como não aparece aquele homem, “Sebastião continua no seu eterno encantamento... Assim é a lenda”.
na página 222 encontramos o rei já visto como um encantado dos mais poderosose a presença de outros europeus nos terreiros do Maranhão:
“ Note-se a presença dos encantados Coré, Sebastião e Oliveira. Todos nobres, respectivamente, um barão, um rei e um príncipe. O Rei Sebastião, particularmente, na época já era tido como uma espécie de chefe de todos os encantados, era o “Rei, Dono do Mar e da Terra” (PGB, 12/12/1950, p. 4), “guerreiro militar” e “pai do terreiro”, como se cantava no terreiro de mina de Maximiniana em 1938 (ALVARENGA, 1943, p. 57). Esses nobres e outros encantados eram reputados como os responsáveis por diversas curas na terra de Gonçalves Dias. Muitos não ousavam duvidar de seus poderes e creditavam a ação dos curadores, através dos quais as curas eram feitas.
Rei Sebastião encantou o Maranhão, tanto a terra da pajelança e da mina quanto o torrão gonçalvino. Em 1958, Alves (1958b) lembrava que El-Rei Sebastião era um personagem central da terra maranhense. Ele contava a crença de que todos os anos, no mês de junho, passava pela praia do Olho d’Água um barco iluminado de todas as cores do arcoíris,levando para a encantada praia dos Lençóis o Rei Sebastião, sumido há muito tempo em terras de África, para uma visita ao seu povo do Maranhão. O rei desembarcava na noite da segunda sexta-feira do mês de junho, aproveitando que a praia estava embandeirada para as festas dos santos juninos e seu povo ocupado demais com as fogueiras e a cachaça. Ver o barco era mais fácil do que olhar o próprio rei. (ALVES, 1958b, p. 3)”
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