Encantado


e-Boa, meu orientador do fundo


Para que você consiga ler as múltiplas direções das cartas de navegação que se apresentam é preciso que saiba que logo que iniciei esta viagem reuni quem comigo iria estar, e então  {do 1º. Movimento]
um ser chega , surge, aparece, de alguma forma se faz presente, e me lembra que [...] o ser humano não é apenas um ser e a sua circunstância. É também, e sobretudo, o que falta na sua circunstância para que ele possa ser verdadeiramente humano.
Como tem acontecido com frequência, sou assediada por um encantado, e-Boa, um encantado, alter-ego internetical do cidadão Boaventura de Sousa Santos, português polêmico, poeta, advogado, sociólogo e socialista.
[...]
Encantado?
No Maranhão, o termo encantado se refere a seres espirituais recebidos em transe mediúnico nos terreiros de mina e nos salões de curadores e pajés;
não podem ser observados diretamente, mas podem ser vistos, ouvidos em sonho ou por pessoas dotadas de poderes especiais, e podem ser observados por todos, quando incorporados;
afinal,  a compreensão do mundo excede em muito a compreensão ocidental do mundo.(T, 3)
{do 3º. Movimento}
Mas, encantado ainda me parecia um termo muito bonzinho para uma criatura que sempre puxava meu tapete, me dando tombos, tirando meus já “anti-gravitacionais” pés do chão.
A evidência final de que lidava com um encantado chegou por outra parte do mesmo texto de Mundicarmo Ferreti
[...] nos terreiros maranhenses os encantados são frequentemente comparados aos "anjos de guarda". São protetores dos homens ("pecadores"), dotados de poderes especiais, que estão abaixo de Deus e dos santos. Mas, ao contrário dos "anjos de guarda", podem castigar severamente seus protegidos.
Era um encantado

·         Saiba mais em:
FERRETTI, Mundicarmo (2001). Encantaria maranhense: um encontro do negro, do índio e do branco na cultura afro-brasileira. Boletim da comissão maranhense de folclore. São Luís, nº 18, p.10. JAN. 2001 Disponível em http://cmfolclore.sites.uol.com.br/bol18.htm#encantaria. Acesso em 6 de junho de 2010

BARBOSA, Viviane de Oliveira (2008). Maridos da terra e maridos do fundo: gênero, imaginário e sensibilidade no Tambor de Mina. Disponível em http://www.abhr.org.br/wp-content/uploads/2008/12/barbosa-viviane.pdf. Acesso em 15 de maio de 2009.


Veja, leie e baixe os textos do Boaventura que estão na rede, em  http://sonoridadesdosul.blogspot.com/2010/08/e-boa-na-rede.html

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[1] SANTOS, Boaventura de Sousa (2008). Texto para um programa de concerto do compositor Antonio Pinho Vargas.